quarta-feira, 17 de novembro de 2010

COLUNA DO CEREZONE 4

Farah: Técnico e Técnico

Quem frequentou a RP nos últimos 30 anos já ouviu, ao menos uma centena de vezes, um verdadeiro hino, aqui reproduzido: "Quando o Farah fizer um gol, é sinal que o Força acabou, Farah fez um gol, jogando pelada, sozinho na praia, o juiz anulou... Farah, v. s. f. !". Para os marinheiros de primeira viagem, trata-se de fuleira das mais pesadas. No entanto, para os parceiros de quase uma vida, a canção é uma homenagem a um dos dinossauros mais queridos e respeitados da República: Cesar Farrapo, o Farah. Traçar um perfil fidedigno desse ilustre personagem, em cujas veias corre não apenas sangue, mas, igualmente, areia e água das praias do Rio, notadamente de Copa, exigiria muito mais que uma coluna. Quiçá um livro, ainda que muitas de suas páginas tivessem que vir coladas, para preservar a dignidade de algumas "donzelas" cariocas, hoje respeitáveis mães de família.

Tarefa complexa, ao mesmo tempo prazerosa, que demanda deste humilde amigo uma certa lógica cartesiana de maneira a decifrar as inúmeras faces e fases de Cesar, de comissário de bordo a ator, de técnico a técnico, de Farrapo a Farah, uma miríade de personalidades entrelaçadas na figura mítica do maior azarador de nativas que Copacabana já viu. Se tivesse a grana do saudoso Jorginho Guinle, teria Farah frequentado o leito de seda de damas do high society internacional. Já que trilhou caminhos menos abastados, nem assim deixou de batalhar pelos rabos de saia mais desejados do litoral carioca. Para ilustrar rapidamente tal faceta, estávamos em pleno cascudinho, tradicional jogo de bola da RP, quando Farah, conhecido pela movimentação digamos lenta em campo, desabalou carreira para os lados do calçadão. Estando a bola em lado oposto, logo se notou que o esforçado jogador já estava em negociações com bela mulata, em companhia da qual desapareceu minutos depois. Cerca de meia hora mais tarde (alguns juram que foram 10 minutos), voltava Farah, já pedindo lugar na de fora...

A transformação de Cesar Farrapo em Farah veio no bojo da conquista histórica do Torneio Início pelo Força e Saúde em 1984, cuja foto ilustra nosso Blog. Farah, que na imagem se encontra imortalizado entre Alcides e Gato Felix, ao ser entrevistado pelo repórter do finado Jornal do Brasil, teve seu nome grafado como Farah. Se entendeu mal o nobre escriba, haja vista a comemoração reinante na areia, ou se Farrapo, de forma deliberada, optou por escamotear a alcunha, o resultado é que Farrapo virou Farah, com H no fim para garantir a linhagem nobre. Como todo o apelido deve permitir uma dinâmica "browniana", em dada ocasião, ao enfrentarmos o Embalo do Leme em semi-final de grande torneio realizado no campo do Juventus, apelei para o conhecido lado místico de nosso treinador e afirmei que só ganharíamos o jogo se o locutor do evento, ao anunciar time e técnico, pudesse chamá-lo de Faraó. Apesar de adepto das mandingas, falou mais alto a vaidade e Cesar foi nomeado Farah pelos alto-falantes. Não sei se por coincidência ou maldição, perdemos o jogo por 1 X 0, gol espírita do atacante Merdinha cujo cruzamento, ao bater em Camburão, encobriu o arqueiro Dumba.

Guardo o último parágrafo para ressaltar que, a despeito dos inúmeros técnicos, alguns remunerados, que já passaram pelo FS, nenhum vestiu a camisa como Cesar Farah. Literalmente, quase deu a vida pelas cores do Força, sempre buscando um ajuste para o time, conversando durante a semana com os jogadores, tratando de aparar as vaidades inerentes aos diversos "craques" que vestiram o manto preto e branco, alguns de verdade, outros nem tanto. Por ter uma personalidade conciliadora, erroneamente é julgado por alguns como sem pulso e, por vezes, desrespeitado, quando deve ser merecedor das maiores homenagens dos que acompanham e amam nosso time. Se algum dia criarmos uma Galeria da Fama dos personagens históricos do Força, projeto que lanço nesse exato instante, sem dúvida alguma nosso carismático Farah será dela parte imortal, para que todos os novos integrantes da família FS possam reconhecer, engrandecer e louvar o camarada Novaes (segundo Cadu, nosso Rocky Marciano), prestando todas as homenagens a que faz jus.

4 comentários:

Eduardo Heusi disse...

Só faltou jogar! Jogador de cascudinho. Peladeiro de 1ª. Parabéns pela lembrança.

J11 disse...

FARAH um icone, um mestre , uma lenda da RP, do FS e de todas as nossas vidas....

A lenda do nome FARAH não nasceu de uma entrevista do mesmo e sim de um certo artilheiro FS chamado por muitos de Dinamite.....Assim batizei FARAH !!

Diretoria de comunicação disse...

Farah, é um idolo.

O q seria do FS sem a presença de Farah, quanta divida o time da RP tem com Farah.
Ela é impagavel, só nos resta como gratidão reverencia-lo hj e sempre.
Ave Cesar!!!

Leo ( Nariz )

Unknown disse...

Novamente um texto encorpado e com o toque do nosso Diplomata Cerezo. Falar do Cesar Novaes é uma alegria, já se passaram 40 anos dos jogos do Corintians, do pedido de rebaixamento da patente de comissario internacional para nacional, das massagens no Radar(nas inocentes) e por aí vamos, com certeza na galeria do Força o nosso camarada terá um lugar cativo. Saudações a todos.
Zé Marcos - Presidente