quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

MASTERS DO FORÇA E SAUDE

Atenção rapaziada do FORÇA E SAUDE, a partir do proximo dia 10 de Fevereiro( quinta-feira ) as 20 hrs, no campo em frente ao POSTO 4 o Masters do FORÇA E SAUDE estreiam no campeonato carioca de socyete de praia, contra o Dinamo.
É uma grande oportunidade de rever os grandes craques da história do FORÇA E SAUDE mais uma vez em campo.
A equipe já se enccontra treinando sempre as terça e quintas no campo da RP, e tem tudo para fazer um grande campeonato.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

COLUNA DO CEREZONE 5

E o Tita esquentou o banco!

Nessas andanças pela Internet me deparei, certa vez, com uma enquete sobre o melhor jogador de futebol de praia de todos os tempos. Entre os candidatos, entretanto, não figurava aquele que, sem a menor sombra de dúvida, era pule de 10: Hiram! Passada a surpresa inicial, nem me preocupei em verificar quem recebeu mais votos. Afinal, tive o prazer de testemunhar e de jogar ao lado do camarada de toque mais fácil da praia, dos dribles desconcertantes, do raciocínio rápido, das conclusões com ambos os pés, dos lançamentos perfeitos, do domínio de bola em espaço reduzido, enfim, um craque completo. Reza a história que, ainda nos juvenis do Flamengo, Hiram deixou no banco nada menos que Tita, considerado na época como sucessor do Zico. Mal comparando, em época de Val Baiano, hoje Hiram seria um Iniesta, com a vantagem de ser artilheiro.

Entretanto, a despeito da técnica refinada, nosso querido amigo jamais foi, na pura acepção da palavra, um atleta, o que fez os gramados brasileiros perderem um artista. Avesso aos trabalhos físicos, amante das noitadas da Lapa, costumava voltar para casa nos dias de jogo no meio da manhã, acompanhado via de regra do parceiro Logri. Um dos sábados de campeonato, jogo contra o Juventus, então temível rival, já me encaminhava para a praia para as preparações de praxe quando, ao atravessar a Barata Ribeiro, ouvi gritos insistentes que partiam do ônibus 464: Cerezone, Cerezone! Com a cabeça enfiada na janela, Hiram, a plenos pulmões, destilava a alegria que a noitada proporcionara. Cerca de duas horas mais tarde, parcialmente refeito, participava da partida como se o vapor etílico e a companheira "Lili" guiassem seus caminhos. Show de bola!

O xodó do véio Valdir, garantia de espetáculo nas partidas do Força, Hiram ainda hoje é reverenciado por todos os que partilharam a época áurea do futebol nas areias de Copa. Pude testemunhar, como companheiro de meiúca, ao lado do igualmente craque de bola Rico, partidas antológicas de Hiram. Duas delas, ambas contra o Embalo do Leme, foram marcantes. A primeira, no campo do Força, palco da famosa epopéia na qual o companheiro Tindó, mais conhecido por Barão, quase foi escalpelado pela torcida rival, que tomava 110% dos espaços disponíveis na areia e no calçadão. Dizem os torcedores do FS que acompanharam a partida que o único ponto reconhecível no paredão que se formou na República era a figura de Argemiro, o Miro, por razões óbvias. A pressão era quase insuportável, intimidação geral, tentativas de agressão, que só foram caladas quando Hiram acertou um chute indefensável no ângulo de Williams, fazendo com que a diminuta torcida do Força vibrasse, ainda que timidamente, pois o mar definitivamente não estava para peixe...

A segunda partida entrou para os anais (com todo o respeito) do futebol de praia. Dessa vez, enfrentávamos o Embalo em seu campo, o que tornava o jogo ainda mais complicado. Os personagens mais uma vez se cruzaram: Hiram X Williams. Cabe aqui um parêntese: Williams havia sido, por longo período, goleiro do Força, ainda que oriundo do Leme. Juntamente com Paco e Naíba, era garantia que, nos jogos contra os times da região, fossemos tratados, digamos, com mais civilidade. Já de volta ao Leme, assumiu a titularidade do Embalo, excelente arqueiro que era. Fechado o parêntese e voltando à partida, o time da casa abriu o placar, prenunciando seu domínio na partida. A torcida local já previa um sacode, mas os ventos marinhos mudaram de direção. Em jogada deste que vos escreve, fui parado com falta, perto da área. Sendo ambos batedores, seguiu-se o seguinte diálogo, que é reproduzido "ad nauseam" nos bares da região sempre que Hiram toma algumas "muitas" cervejas:

Hiram: bate aí, Cerezo, vai que é sua!
Cerezo: você é o batedor oficial, bate que vai meter o gol!

Não deu outra, Hiram rasteiro no canto, 1 X 1. O time adversário aloprou e acabou tomando o segundo gol, aquele que Pelé não conseguiu fazer: Hiram, do meio de campo! Ao comemorar o gol quase fui agredido pelo jogador G., que, inconformado, ainda tomou, logo após a saída de bola, uma caneta do atual presidente, Zé Marco, o Beijoca, além de uma ou outra cotovelada. Para tornar o final da partida ainda mais dramático, na pressão do Embalo, nosso arqueiro Lula mandou uma de suas conhecidas "é minha", apenas para ver a pelota se chocar contra o travessão. Final de jogo, placar de virada: Embalo 1 X 2 Força. A partida foi inesquecível, assim como o futebol que Hiram desfilou ao longo de sua carreira. Hoje, quando vemos jogadores que mal sabem matar a pelota no peito, que a maltratam a cada canelada, mais falta faz o estilo clássico de Hiram, que fazia a bola rolar macia como em mesa de sinuca.

Long life to Hiram!